sexta-feira, 14 de abril de 2023

O que ainda falta esclarecer sobre a taxação de produtos da Shein e da Shopee?

 Preço vai subir, mas cálculo sobre valor final depende de frete e tributos como ICMS. Governo defende mais fiscalização e fim de isenção para compras de até US$ 50 entre pessoas físicas

O governo Lula quer acabar com o fim da isenção de taxação para compras de até US$ 50 entre pessoas físicas. Em paralelo, vai apertar a fiscalização sobre as remessas que deveriam ser tributadas hoje e não são por brechas nessa fiscalização.

O alvo são as transações feitas em e-commerces internacionais, como Shein, Shopee, AliExpress e outros, como Mercado Livre e Wish.

Nesta segunda-feira, mesmo diante da má repercussão sobre as medidas, o vice-presidente e ministro do Comércio e Indústria, Geraldo Alckmin, saiu em defesa do fim de isenção. O mesmo fez o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Mas, afinal, o preço vai subir? O que vai mudar? O que falta esclarecer sobre a tributação de importados?

O preço vai subir?

  • Remessas: Hoje, segundo o governo, muitas encomendas em e-commerces internacionais como Shein, Shopee e AliExpress, mas também realizadas em alguns portais nacionais, são enviadas como se fossem remessas pessoais.
  • Marketplaces: Essas plataformas atuam como marketplaces, conectando vendedores de outros países com clientes do Brasil.
  • Até US$ 50: Quando enviam seus pacotes, as plataformas muitas vezes informam que os rementes são pessoas físicas, para driblar a tributação, já que a lei prevê isenção de impostos para transações de até US$ 50 feitas entre pessoas que não sejam transação comercial. Segundo o governo, algumas usam até nomes fictícios, como de artistas de cinema.
  • Cerco: O governo quer apertar a fiscalização, fechar esta brecha e coibir o drible à legislação feito pelas plataformas. Assim, qualquer compra, mesmo as de valores abaixo de US$ 50, passariam a ser tributadas, como já prevê a lei hoje.
Imposto: A taxa aduaneira é de 60%. Assim, uma blusa de R$ 20, por exemplo, teria que pagar imposto de R$ 12 e acabaria custando, no total, R$ 32. Isso considerando apenas o valor da mercadoria. Mas essa taxa incide não apenas sobre o valor do produto, mas também do frete e do seguro. Há ainda a incidência de ICMS, de acordo com o estado de destino da mercadoria. Por isso, o valor final pode acabar sendo muito maior que o valor do produto.

Como será a fiscalização?  
                                                                                                          Lei atual: Portaria da Receita Federal em vigor há mais de 20 anos prevê que bens “que integrem remessa postal internacional no valor de até US$ 50 ou o equivalente em outra moeda” terão isenção do Imposto de Importação, desde que o remetente e o destinatário sejam pessoas físicas.

Fiscalização: O governo afirma que não vai mudar a tributação, apenas fará uma fiscalização mais assertiva. Uma norma baixada em dezembro do ano passado e que entrará em vigor em julho prevê que as transportadoras terão que prestar até 37 informações aos Correios (ou ao FedEx ou a qualquer outro operador logístico) sobre as encomendas internacionais.

Salto: Segundo dados do Banco Central compilados pela fintech Vixtra, no ano passado foram importados, em produtos de pequeno valor, mais de US$ 13,14 bilhões, mais do que o dobro dos US$ 5,7 bilhões de 2021.

Vários pacotes: Em compras de maior valor, acima de US$ 50, as plataformas muitas vezes dividem a encomenda em várias remessas, para driblar a tributação.

Quem ganha com isso?

Arrecadação: Se conseguir fechar as brechas na fiscalização, o ministério da Fazenda estima arrecadar R$ 8 bilhões com a cobrança de impostos por essas encomendas.

Competição: O argumento do governo é que essas plataformas fazem concorrência desleal com as empresas de varejo brasileiras que atuam dentro da lei, recolhendo impostos regularmente.

Emprego: O governo argumenta ainda que, ao fechar o cerco aos sonegadores, contribui para o funcionamento das empresas nacionais e manutenção de empregos.

Lula conclui visita à China sem falar com a imprensa

Segundo o embaixador brasileiro Mauro Galvão, os encontros com o presidente chinês Xi Jinping duraram mais que o esperado e Lula estava cansado

Após dois dias de programação intensa na China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iria concluir sua visita ao país com uma entrevista coletiva nesta sexta-feira, na embaixada do Brasil em Pequim. Mas na última hora o presidente cancelou a coletiva e deu por encerrada a agenda de compromissos oficiais. Foi uma despedida em tom de anticlímax, depois de uma visita marcada por uma série de declarações fortes do presidente, de apreço à China e contra a hegemonia dos EUA.                                                                               
Em sintonia com a declaração do governo chinês de que a visita de Lula marca "uma nova era" nas relações bilaterais, o petista recebeu a primeira cerimônia completa de boas-vindas desde a reabertura da China em dezembro, após o fim da política de "Covid zero"

Com tapete vermelho, banda militar e crianças balançando bandeiras chinesas e brasileiras, Lula e sua comitiva foram recebidos pessoalmente pelo presidente Xi Jinping e pela primeira-dama chinesa, Peng Liyuan. Os hinos nacionais dos dois países foram tocados, e os presidentes fizeram uma vistoria das tropas — neste momento, a banda militar reproduziu “Novo tempo”, música de Ivan Lins.

Durante o encontro aberto com o presidente chinês, Lula voltou a reforçar seu objetivo de aprimorar relações com Pequim:

— Ontem (quinta) fizemos visita à Huawei, em uma demonstração que queremos dizer ao mundo que não temos preconceito em nossas relações com os chineses. Ninguém vai proibir que o Brasil aprimore sua relação com a China — disse.

Em suas palavras iniciais no seu encontro com Lula, Xi não falou muito de relações bilaterais. Preferiu se concentrar nas ambições chinesas e de como o Brasil pode se beneficiar do "novo paradigma de desenvolvimento" promovido por Pequim.

— A China irá buscar um desenvolvimento de alta qualidade, acelerar a criação de um novo paradigma de desenvolvimento e promover uma abertura de alta qualidade. Isso irá destravar novas oportunidades para o Brasil e outros países ao redor do mundo.

Além de declarações dos dois presidente, o encontro foi marcado pela assinatura de 15 acordos comerciais, em áreas como exploração espacial, comércio, agricultura e notícias.

'Ninguém vai proibir que o Brasil aprimore sua relação com a China', diz Lula em reunião com Xi Jinping

 Presidentes se reuniram em Pequim, assinaram 15 acordos comerciais e discutiram temas como a invasão da Ucrânia. China é o país que mais compra produtos brasileiros.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta sexta-feira (14) em Pequim, em reunião com o presidente da China, Xi Jinping, que deseja aprofundar a relação entre os dois países em diversas áreas nos próximos quatro anos – e que "ninguém" poderá proibir essa aproximação.

Lula cumpre visita oficial ao país acompanhado de ministros e da primeira-dama, Janja. Nesta sexta, os presidentes de Brasil e China se reuniram em um encontro bilateral e assinaram atos conjuntos.

No discurso aberto à imprensa, que antecedeu a reunião fechada, Lula falou em intensificar as relações Brasil-China em áreas como:

  • ciência e tecnologia;
  • intercâmbio de estudantes universitários;
  • relações culturais;
  • estratégias de combate às mudanças climáticas;
  • energia limpa; Produção de Carros e ônibus elétricos. 
"Penso que a compreensão que o meu governo tem da China é de que nós precisamos trabalhar muito para criar uma relação Brasil-China que não seja apenas uma relação meramente de interesse comercial. Se bem que o interesse comercial é muito importante", disse Lula antes de listar as áreas.

A imprensa estatal chinesa afirma que, na reunião fechada, Lula e Xi concordaram sobre a necessidade de diálogo e negociação para encerrar a invasão da Ucrânia pela Rússia, informou a agência de notícias Reuters

"O Brasil tem 80% de sua energia totalmente limpa e está comprometido nesse instante, no meu governo, que até 2030 nós vamos alcançar o desmatamento zero na Amazônia para dar a nossa contribuição à preservação do planeta", continuou.

Lula também usou o discurso para agradecer o apoio da China à eleição da ex-presidente Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), o "banco do Brics". O agrupamento comercial reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

"Para nós, é com muita alegria que recebemos o apoio da China para a presidenta Dilma ser presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento. O senhor sabe o apreço que a presidenta Dilma tinha na relação com a China", declarou Lula.