quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Doações forçadas? Áudios revelam servidores coagidos em Curitiba para campanha de Pimentel; ação isolada, diz prefeitura

Nesta terça-feira (1º), a Prefeitura de Curitiba exonerou o superintendente de Tecnologia da Informação, Antônio Carlos Pires Rebello, após a divulgação de áudios que revelam a coação de servidores para contribuir financeiramente com a campanha do vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), pré-candidato à Prefeitura de Curitiba e apoiado pelo prefeito Rafael Greca (PSD) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a coluna de Guilherme Amado, do site Metrópoles, Rebello pressionou servidores a comprar convites para um jantar de arrecadação de campanha, com valores que variavam entre R$ 750 e R$ 3 mil. A gravação mostra Rebello orientando os funcionários a realizarem as transferências por meio de contas bancárias de amigos ou parentes, para evitar identificação direta nas prestações de contas da campanha. O jantar foi realizado no dia 3 de setembro, e o dinheiro deveria ser enviado ao diretório estadual do PSD.

Coação e Pressão para Arrecadação

Nos áudios, Rebello sugeriu que a compra dos convites seria uma forma de "ajudar a campanha" e alegou que essa prática seria “melhor do que fazer caixa 2”. Mesmo após um dos servidores alertar que a coação era uma prática ilegal, o superintendente não negou e continuou pressionando os subordinados. Ele chegou a insinuar que a contribuição financeira poderia ajudar na manutenção dos cargos de alguns servidores, caso Pimentel fosse eleito, embora sem oferecer garantias formais.

Em outro trecho, um servidor relatou dificuldades financeiras, explicando que já estava com despesas parceladas. Rebello, no entanto, minimizou a queixa, afirmando que todos enfrentam problemas, e ameaçou demitir o funcionário caso ele não colaborasse.

Transferências e Exoneração


Apesar da recusa de alguns servidores em participar da arrecadação, registros da Justiça Eleitoral mostram que parentes de nove funcionários realizaram transferências entre os dias 30 de agosto e 2 de setembro, totalizando R$ 33 mil repassados ao PSD. As transferências foram feitas por meio de contas de familiares para evitar que os servidores fossem identificados diretamente na prestação de contas da campanha.

Logo após a denúncia, Rebello foi exonerado de seu cargo na Prefeitura. No entanto, a publicação oficial de sua exoneração ainda não foi divulgada no Diário Oficial. Em nota, a Prefeitura de Curitiba repudiou qualquer forma de coação ou constrangimento a servidores e afirmou que o comportamento de Rebello foi uma ação isolada, sem a anuência de superiores ou da Secretaria de Administração, Gestão de Pessoal e Tecnologia da Informação.
Respostas Oficiais

A campanha de Eduardo Pimentel também se pronunciou. O pré-candidato, em nota, afirmou que a Coligação Curitiba Amar e Inovar "repudia qualquer tipo de ação que possa configurar pressão ou ameaça a servidores públicos". Pimentel esclareceu que o evento de arrecadação foi organizado pelo diretório estadual do PSD, e não pela sua campanha diretamente.

A Prefeitura, por sua vez, negou qualquer envolvimento de Pimentel no pedido de doações e garantiu que os fatos serão apurados rigorosamente. A gestão municipal reforçou que a exoneração de Rebello foi uma resposta imediata às denúncias, e que não houve qualquer orientação da campanha ou da administração para tal coação.

Este episódio levanta questões sobre a pressão exercida sobre servidores públicos e os limites éticos nas campanhas eleitorais, em um momento delicado para a administração pública de Curitiba.

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